Mercado imobiliário: especialistas analisam cenário futuro
Mercado imobiliário: especialistas analisam cenário futuro
A atual conjuntura econômica interna e externa e as condições geopolíticas no cenário global impõem prudência ao mercado imobiliário no Brasil. Entretanto, é possível manter o otimismo e assegurar que em médio e longo prazo as condições favoráveis serão revertidas.
Em síntese, essa é a análise dos dirigentes José Carlos Rodrigues Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), e Luiz França, presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
Recentemente, ambos foram os debatedores do Ademi Talks, série de bate-papos realizada pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR). Desta vez, o tema foi ‘Visão econômica do mercado imobiliário’. A mediação coube ao diretor da Academia Ademi, Ricardo Reis.
Acontecimentos internos e externos
Para Martins, “ninguém sabe muito bem o que vai acontecer daqui para a frente”. O executivo se refere tanto aos acontecimentos internos como aos eventos externos. Entre eles, cenário de inflação nacional e mundial, consequências da crise fitossanitária da pandemia de covid-19, conjunturas internas da China e conflitos como a guerra na Ucrânia.
Assim, orienta o presidente da CBIC, “como em um nevoeiro, em que o marinho conduz o barco devagar, o momento pede cuidado”. Contudo, sem perder o otimismo. “Nós, brasileiros, somos otimistas por natureza.”
Superando as adversidades no mercado imobiliário
Igualmente, França vislumbra um horizonte de superação das atuais adversidades. “No mercado imobiliário, temos no Brasil, numa visão para médio e longo prazo, potencial de crescimento no valor do imóvel ao longo do tempo”, pontua.
Afinal, há indícios a sustentar tal otimismo, diz ele. Por exemplo, o fato de que há um grande número de empresas do mercado imobiliário brasileiro abrindo capital, e recebendo investimentos estrangeiros. “Significa que esses investidores fizeram essa leitura de aposta no nosso mercado.”
Além disso, acrescenta Martins, pesquisa da CBIC sobre intenção de compra mostra que “as pessoas continuam querendo comprar”. Com isso, continua, “é preciso criar situações que melhorem as condições de compra”.
Médio e alto padrão
Sobretudo, os segmentos médio e alto padrão estão assegurando desempenho satisfatório do mercado imobiliário. Inclusive, no período crítico da pandemia de covid-19. Hoje, esses segmentos sentem efeitos de medidas como a elevação da taxa básica de juros da economia, os quais encarecem os financiamentos.
“Na pandemia, as pessoas perceberam o quanto é importante o lugar de morar. Isso valorizou nosso produto, o imóvel”, afirma Martins. Ao mesmo tempo, na fase inicial da pandemia as taxas de juros estavam em baixo patamar. “Então, houve grande procura por imóvel de médio e alto padrão”, pontua França.
Inflação preocupa mercado imobiliário
Um dos problemas mais preocupantes está o da inflação, frisa o presidente da CBIC. Isso porque, explica Martins, o aumento de custos da construção civil está ainda mais alto do que a inflação para outras cadeias produtivas.
Dessa forma, sublinha, “há uma desconexão entre a inflação para o setor da construção civil e a geral, a que se usa para remunerar os salários”. Diante disso, o mercado imobiliário perde “a capacidade de repasse. É preciso o empresário absorver o aumento dos custos dos materiais de construção”.
Por sua vez, o presidente da Abrainc observa que “há um cenário de desordem da cadeia produtiva no mundo todo, assim como o fenômeno da inflação”. Em sua avaliação, é possível, internamente, se rever o teto de inflação anual fixado pela política monetária. No entanto, “o mais importante é dar poder de compra para as famílias”, considera.
Confira o Ademi Talks ‘Visão econômica do mercado imobiliário’ na íntegra: